Já ouvi e li esta frase tantas, tantas vezes. Sinceramente, não acho que tenha assim tanta "sorte". Sorte é ter um bebé que durma bem à noite (e sim, aí temos mesmo sorte com a nossa filha!). Já esta "sorte" referente à alimentação, na minha opinião, resulta em grande parte da atitude dos pais e dos hábitos que são incutidos desde cedo.
Claro que pode haver um ou outro caso diferente e talvez seja mesmo preciso procurarem ajuda profissional, mas acredito que na maioria dos casos o mais importante para que um miúdo coma bem é incutir-lhe bons hábitos. Desde sempre. Há muitos (mesmo muitos!) miúdos que são o terror à mesa, não comem nem por nada, mas se lhes oferecermos um doce, um gelado ou uma fatia de pizza, aí já comem. A Mel come mesmo muito bem mas acho que em grande parte se deve ao meu (nosso) esforço e empenho desde o momento em que introduziu a alimentação complementar. Desde que começou a comer sólidos, aos seis meses, 70% do que lhe dava era fruta e legumes. Ao longo destes quase dois anos de vida, já provou praticamente todas as frutas e legumes e come de tudo (tem, claro, os seus preferidos). Só come iogurtes naturais e snacks e papas sem açúcar. Não bebe sumos (excepto sumo de laranja natural uma vez ou outra) e tanto come um bife do tamanho dos nossos como uma dourada grelhada inteira (sim, às vezes come mais do que eu!). Adora massa mas nunca diz que não a uma batata cozida ou a um arroz com feijão.
Nestes dois anos não lhe demos doces nem fritos e é uma decisão da qual não nos arrependemos. É da maneira que valoriza todos os alimentos - saudáveis - e não troca um bom prato de comida por uma guloseima. Se lhe dou gelado, ela dá duas ou três lambidelas e diz que não quer mais; já lhe oferecemos uma fatia de bolo e depois da primeira trinca virou costas. Uma vez, apanhou-nos distraídos e comeu um bocado de bolo de chocolate - daqueles húmidos e super calóricos - e cuspiu tudo no instante a seguir. É claro que não acreditamos que vá ser sempre assim. É normal os miúdos - e os adultos! - gostarem de doces. No entanto, se pudermos adiar esta "descoberta" por mais algum tempo, vamos fazer por isso. É algo que não lhe faz falta nenhuma e acreditem que ela é muito feliz na mesma. E não, se ela comesse uma bolacha maria ou umas batatas fritas não vinha nenhum mal ao mundo, mas preferimos para já não lhe dar esse tipo de coisas quando há opções mais saudáveis e das quais ela gosta.
Se não faz birras à mesa?! Faz, pois! Nos últimos meses tem feito birras daquelas em que diz que já não quer mais, empurra o prato, cospe a comida fora. São fases e temos que aprender a lidar com elas. Ainda hoje ao almoço, ao fim da terceira colher - estávamos a comer frango estufado com massa, cenoura e ervilhas - disse que não queria mais. Já percebemos que gritar com ela não ajuda em nada porque é bastante teimosa e só quer levar a dela avante. O truque é dar-lhe a volta, distraí-la. Hoje foi com os ímans do frigorífico. Pôs-se a brincar com eles e, colher atrás de colher, comeu o almoço. Também já fez birras em que só conseguimos que comesse sossegada ao mostrar-lhe videos no youtube (sim, somos desses pais péssimos que convencem os miúdos a comer ao espetar-lhe um ecrã à frente). Outras vezes vai lá com uma ligeira chantagem do tipo "Queres ir brincar com o Artur (nosso cão)? Então come!". Ela vai comendo e muitas vezes quando termina ainda pede para repetir. Na verdade, não é que ela não goste da comida que tem no prato, simplesmente faz birras e quer chamar à atenção (como criança que é). Conto com os dedos da minha mão esquerda as vezes que ela se recusou a comer o que quer que fosse. E nessas alturas também não complicamos. Não quer mesmo comer? Não come. Come a fruta e não ficamos a matutar no assunto. Ela é super saudável, alimenta-se bem e não são estes episódios pontuais que vão fazer a diferença.
"Quando é que lhe vais começar a dar doces?" já me perguntaram também. Não sei, não é que tenhamos definido um super plano saudável até aos cinco anos de idade. Simplesmente não faz parte das nossas escolhas neste momento porque acreditamos piamente que é nos primeiros anos de vida que se constroem bons hábitos alimentares. É de pequenino que se torce o pepino mas também é de pequenino que se aprende a gostar de pepino (a minha mãe vai gostar desta!).
Rita
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Entretanto, sê feliz como eu, entre fraldas e mojitos!
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