quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Afinal de quem são as maminhas?

A amamentação sempre foi um tema muito importante para mim e desde que fiquei grávida não tive dúvidas: queria dar de mamar. Poder alimentar o meu bebé com o meu leite e ainda perder calorias? Perfeito! Mas, como toda a futura mãe, tive os meus medos: será que vou ter leite? Será que vou conseguir amamentar? Será que vai doer?

Depois da Mel nascer estava radiante com a minha experiência na amamentação. Não tinha dores, a Mel pegava muito bem e entendiamo-nos perfeitamente, mãe e filha. 
Porém, ao fim do primeiro mês as coisas mudaram. Comecei a perceber que o meu leite não era suficiente para a alimentar e, com muita pena minha, começámos a conjugar os dois leites: primeiro mamava do meu peito e de seguida bebia o biberão com o leite adaptado. Comprar aquela primeira lata de leite foi difícil. Muito difícil. Mas a minha filha não podia continuar com fome e a perder peso. Ao longo dos meses fui tomando suplementos para estimular a produção de leite, comprei uma bomba elétrica e, claro, continuei sempre a dar de mamar à Mel. Infelizmente nada resultou e hoje, com quatro meses, ela alimenta-se única e exclusivamente de leite adaptado. 

Inicialmente custou-me muito admitir que não tinha leite suficiente para alimentar em pleno a minha filha. Alimentá-la era a minha primeira responsabilidade enquanto mãe. Teria falhado logo no começo? Todos me falavam daquela ligação tão especial criada entre mãe e bebé através da amamentação. Ligação essa que eu tinha vivenciado e comprovado. Teria eu perdido esse laço com a Mel? Foi uma fase complicada em que, para além de estar com os nervos à flor da pele, toda a situação me deixava ainda mais fragilizada. É muito importante nestas situações termos apoio e o Mr. Right foi o meu pilar. 

Com o passar do tempo percebi que não era menos mãe por ter ficado sem leite. Percebi que a minha filha não ia ser uma criança menos saudável ou menos inteligente por beber leite adaptado. Existem outros pesos na balança. Percebi que esse vínculo, tão especial entre mãe e filha, se fortaleceu quando eu passei precisamente a estar mais relaxada, a confiar mais em mim mesma. Quando eu fiquei bem, nós as duas passámos a estar ainda melhor. 

Claro que todos sabemos os inúmeros benefícios do leite materno, não há dúvidas a esse respeito. Mas nem sempre a realidade é como a idealizámos. Há mães que adoram amamentar e têm leite para dar aos filhos até eles saberem o que são batatas fritas. Qual é o mal? Há mães que se esforçam diariamente para dar leite ao seu bebé, têm dores constantes e não desistem de ensiná-lo a fazer uma boa pega. Força mães! Há mães que adorariam poder amamentar mas não puderam ou deixaram de ter leite. Fizeram o melhor que podiam! Há mães que nunca quiseram amamentar, por razões que só a elas dizem respeito. Quem somos nós para julgar? Por tudo isso, dispensamos comentários como:

“A sério, dois anos?! Ainda sai leite?!” ou 
“Já não mama? Coitadinha!” ou ainda 
“Devias ter amamentado!”


O teu bebé é alimentado? Está a crescer saudável? Então não falhaste enquanto mãe. Quer amamentes, quer tenhas mudado de ideias, quer não tenhas escolha ou nunca tenhas querido amamentar. A verdade é esta: Tu, mãe, dás o teu melhor!

Rita




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Entretanto, sê feliz como eu, entre fraldas e mojitos! 

5 comentários:

  1. Excelente texto!
    Fui mãe a 6 anos e foi um verdadeiro tormento amamentar o meu filho. Talvez mais por me sentir culpada por dar ouvidos ao que a sociedade exige de uma mãe. Ao sair da maternidade vim a dar mama e suplemento.

    Agora fui mãe novamente à 1 mês. Quando ia a consultas e me perguntavam se queria amamentar a minha resposta era clara e objetiva: não irei passar pelo mesmo mas se conseguir claro que irei amamentar. Estou muito mais relaxada e felizmente tenho leite suficiente, pelo menos para já!

    Sinceramente, a sociedade é que nos culpibiliza, nos obriga a... eu sou da opinião que nós mães é que sabemos! Desde que os nossos bebés cresçam saudáveis está tudo bem!

    Hoje em dia muitas amigas mães de primeira bagagem ligam-me a chorar porque nao conseguem amamentar e se sentem culpadas. A minha resposta: não és mais mãe ou menos mãe por amamentar! Vínculos, ligações com o nosso filho criamos de qualquer maneira!

    Obrigada Rita pela sua partilha!

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  2. Obrigada por partilhar a sua história Rosa :)
    Infelizmente é mesmo essa a sociedade em que vivemos... e até alguns médicos e enfermeiros fazem parte desse círculo. Eu comprovei isso. E depois as mães de primeira viagem, como é o meu caso, têm tendência a sentir-se inseguras e desoladas com esta situação. Mas não tem que ser um problema, não é um problema, e a prova disso são os nossos filhotes saudáveis :) um beijinho e muitas felicidades!

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  3. Curiosamente tambem fui mãe há 6 anos e mae novamente há 7 semanas!na primeira vez consegui amamentar em exclusivo ate aos seis meses, e depois em conjunto com as sopas e papinhas até 12 meses.desta vez estou a sentir mais dificuldade, mas por enquanto só amamento. Eu concordo que se incentive a amamentaçao porque, como todos sabemos, é o melhor que podemos oferecer aos nossos filhos. Há mulheres que nao amamentam por desconhecimento,é bombque haja informação bos cebtros de saúde, na maternidade. É bom que jos digam que é otimo, que pode ser dificil tambem, mas que vai ficar tudo bem. Claro que quando nao é possível, nao somos menos mães por isso. Devemos aceitar, valorizar o esforço que fizemos, mas seguir em frente, alimentando o nosso bebé e criando laços dia após dia, cuidando e amando... beijinhos!

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    1. Olá Isa :) Obrigada pelo seu testemunho. De facto é muito importante termos ajuda. Eu tive ajuda especializada e também por parte da família (apoio moral também é muito importante). A Isa é a prova de que cada gravidez é diferente e eu, pessoalmente, tenho esperança de que numa gravidez futura consiga amamentar durante mais que três meses :) Beijinhos e felicidades!

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  4. Repeti inúmeras vezes a frase: a realidade as vezes não é a que idealizamos!!
    Eu idializei que ia tudo correr bem , e correu tudo mal, o parto , amamentação, tudo correu mal, e eu sou uma optimista por natureza e senti-me dentro de um buraco fundo, mas rapidamente voltei ao topo é percebi que tinha um ser que precisava de mim acima de tudo. Mas antes a minha luta começou logo na maternidade onde eu dizia as enfermeiras que o meu menino não estava bem , que achava que ele não mamava correctamente, mas elas sempre disseram com arrogância que se calhar era eu que não queria dar mama, passei-me , pois o meu filho todos os dias perdia um peso brutal, só ao terceiro dia e que se dignaram a dar suplemento, o meu filho parecia um gato sôfrego, ao quarto foi para a Neo, com quase uma crise renal porque estava desidratado, graças a Deus eu tenho aqui um campeão que superou esta fase muito bem,mas por causa disto tudo , os primeiros 10 dias do meu filho não foram os dias felizes que toda a mãe deseja! Mas já passou, dei peito sempre antes do biberão, sabendo que só tinha uma aguadilha até aos 3 meses, toda a gente me chamava maluca, mas eu queria criar esse laço que toda a gente fala. Sabem uma coisa? só massacrava o meu filho para egoísmo meu, o meu vínculo com ele não tem nada a ver se dei mama ou não, o meu vínculo com ele vem desde que ele estava no meu ventre! Nós amamos nos acima de tudo e é só ver a forma como ele me olha! Eu amo ser mãe do meu gostoso, e o que me importa é o bem estar dele, e se o bem estar dele depender de sair da linha que nos impõem em centros de saúde ou nos pediatras eu sairei!!

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