terça-feira, 17 de março de 2020

Nem sabem da missa a metade

Se já nos sentimos limitados tendo um terraço para os miúdos correrem e brincarem, imagino o sufoco de quem vive num apartamento. Por muita criatividade que tenhamos, nada impede o cansaço de chegar e tomar conta de nós. 

Quero enviar um abraço de força a todos os que estão em quarentena com miúdos. Não é nada fácil gerir as frustrações deles juntamente com as nossas. Isto ainda vai demorar e por isso temos que levar um dia de cada vez. Aqui em casa combinámos que sempre que um de nós se começar a descontrolar, o outro intervém... e com a cabeça fria tenta apaziguar a sitiação.  Tem resultado. Todos temos direito a estar com menos paciência, tanto nós pais, como eles. Não nos podemos esquecer que, por muita brincadeira e rotina que tentemos incutir, eles não estão habituados a este dia a dia. É um desafio para todos. 

Isto não é o mesmo que ficarmos em casa quando eles estão doentes. Não é o mesmo que estarmos de férias em família. Também há o medo. O medo que um de nós fique doente. Se não pudermos ir para o hospital, como vamos resguardar-nos e isolar-nos dos nossos próprios filhos? Eles sabem que nós estamos cá. Sempre que o meu namorado sai para trabalhar eu tremo, por ele e por nós. E sei que ele também tem uma grande responsabilidade nos ombros. E depois acresce a pressão financeira. E se nós estamos apertados ainda isto vai no início, sei que há famílias numa situação muito mais grave. 

Ao final do dia, estamos todos a dar o nosso melhor, trabalhando ou não. Todos estamos a dar o nosso melhor por eles. Porque eles são mesmo a nossa vida. 

E sabem que mais? Esta vai ser uma grande história para contarmos mais tarde. Também temos que ter factos mirabolantes para contar aos netos, tal como os nossos avós nos contam a nós, não é? 

Cuidem de vocês. 

Beijos e mojitos,


Rita


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