segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O meu relato do internamento

São precisamente 21h00. 

O Marco está a dormir no berço, tranquilo, aqui ao meu lado. Como sabem, estamos internados no hospital. Tudo começou a semana passada quando reparámos que estava meio constipado. A Mel tinha estado doentinha, com tosse e febre, e suspeitámos que pudesse ter apanhado também uma virose. Começou a tossir e depois veio a febre, mas o pior de tudo foram as dificuldades respiratórias. O Marco ficava com o narizinho tão obstruído que tinha que fazer imenso esforço para respirar. Mamar, então, era  impossível. Levámo-lo às urgências e já não saiu de lá. 

Ficou primeiramente internado nas urgências, numa incubadora. De três em três horas, antes de cada mamada, vinham aspirá-lo. Perguntaram-me da primeira vez se queria sair da sala. Não entendi bem a pergunta mas disse que não, que ficava com ele. Percebi logo o porquê nos instantes seguintes, enquanto lhe aspiravam o narizinho minúsculo com uma sonda com uns 25 centímetros de comprimento e ele gritava, aflito. Podia dizer que só custa a primeira vez mas já perdi a conta às aspirações que lhe fizeram desde que cá estamos e garanto-vos, custa sempre. Mas só assim ficava aliviado e conseguia mamar. Quando finalmente estabilizou, saímos das urgências e passámos para o internamento da ala de pediatria. O procedimento aqui continua a ser o mesmo. Aspirações e muita vigilância, porque o principal problema do Marco é a obstrução nasal. Só hoje chegaram os resultados das últimas análises. Confirmaram que tem uma bronquiolite, originada por um vírus que provavelmente apanhou da Mel. Felizmente, ficou mais atacado apenas a nível nasal e por isso a recuperação será mais rápida. Hoje pesámo-lo e eu já estava mentalmente preparada para que tivesse perdido algum peso. Estes dias tem mamado cansado e sem energia e tinham-me dito que é normal nos casos de internamento os bebés emagrecerem. Surpreendentemente, aumentou (ainda que pouquinho) de peso. Fiquei tão feliz. 

Eu tenho estado sempre aqui com ele porque estou a amamentar. Vou uma vez por dia a casa, entre as mamadas, para tomar banho (prefiro tomar no conforto de casa) e trazer o roupinhas/fraldas/etc. Não vou negar, estou esgotada. Temos um cadeirão que ao fim do primeiro dia parece que nos passou um camião em cima. Já não sei o que é dormir mais de uma hora há mais de cinco dias. Dou por mim a perseguir o ponteiro dos segundos do relógio verde que está na parede. O pé bate ao som do "pi" da máquina que regista os batimentos cardíacos, como um tique nervoso. Fico atenta a cada sinal de mal estar do Marco e a implorar que ele não acorde com cada grito de dor ou choro de outras crianças, que se vão fazendo ouvir ao longo do dia e da noite. E depois há a Mel. Quando temos só um filho, podemos dedicar-nos a ele a 100% sem termos que pensar em mais nada. Sem sentimentos de culpa, sem saudades. Nós temos outra filha, pequenina, que não sabe o que se passa (por decisão nossa). Passou o fim-de-semana em casa dos tios e sei que se divertiu à grande e à francesa. Hoje ja foi para casa com o pai mas antes passaram aqui pelo hospital e eu fui lanchar com ela. Já não a via há três dias. Pareceu-me maior e tudo, acreditam? Está tão crescida e ao mesmo tempo continua a minha pequenina. Que também precisa do meu carinho e da minha atenção. Espero em breve poder dar-lhe tudo o que ela merece. Até lá, continuo a lutar ao lado deste miúdo para ver se celebramos o primeiro mês de vida em nossa casa. 

A vocês, um gigante obrigada por todo o carinho!

Rita